MALVACEAE

Abutilon esculentum A.St.-Hil.

Como citar:

Patricia da Rosa; Raquel Negrão. 2017. Abutilon esculentum (MALVACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

3.942,062 Km2

AOO:

44,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente no estado do Rio de Janeiro (Esteves e Takeguchi, 2015)

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Patricia da Rosa
Revisor: Raquel Negrão
Critério: A2c;B1ab(i,ii,iii)+2ab(i,ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Caracterizada como arbusto terrícola, a espécie apresenta distribuição nos municípios de Armação de Búzios, Maricá, Rio das Ostras, Rio de Janeiro e Saquarema (EOO=3447 km², AOO=52 km²). Ocorre em ambientes extremamente fragmentados, e está associada à fitofisionomia de Restinga e à Floresta Ombrófila Densa Submontana, sendo encontrada na faixa de 200-300 m de altitude (Bovini, com. pess.). Apesar dos registros de coleta indicarem sua ocorrência em áreas protegidas como o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, Parque Municipal Ecológico da Prainha, Parque Nacional da Tijuca e Reserva Ecológica de Jacarepiá, a área de distribuição é historicamente degradada pela expansão de núcleos urbanos e a subsequente especulação imobiliária, principalmente na Região dos Lagos do estado (Bovini, com. pess.; Leme, 2000; Davidovich, 2001; Holzer et al., 2004). Outras ameaças incidentes são o aumento de incêndios de origem antrópica e as trilhas e estradas, além do turismo, principalmente no Parque Nacional da Tijuca (Matos, 2007; Soares, 2008) que implicam um declínio contínuo da EOO, AOO e qualidade do hábitat. Os registros de ocorrência da espécie estão associados às áreas litorâneas, o que permite estimar, tendo em vista o histórico de intensa ocupação observado nessas áreas, uma redução de aproximadamente 50% de sua população.

Último avistamento: 2012
Quantidade de locations: 8
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

A espécie foi descrita originalmenete na obra Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 1(6): 240. 1825[1827].

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Segundo Saint-Hilaire em sua obra Plantas Usuais dos Brasileiros de Saint-Hilaire de 1824 a espécie é comestível. O autor comenta que as flores da espécie são consumidas com carne pelos brasileiros (Saint-Hilaire et al. 1824). Atualmente se desconhece a utilizada da espécie, inclusive na alimentação humana.

População:

Detalhes: A espécie aparenta estar bem distribuida ao longo do estado do Rio de Janeiro, com registros de coleta em subpopulações abundantes em diversas localdiades, como por exemplo no arquipélago das Cagarras, no litoral do município do Rio de Janeiro (Bovini et al.,2014). Entretanto, nos ambientes de Restinga remanescentes do referido município, Zamith e Scarano (2004) apontaram A. esculentum como uma espécie de ocorrência rara.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Restinga, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa Submontana, Vegetação de Restinga
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Detalhes: Arbusto terrestre heliófilo, ocorre majoritariamente em matas de Restinga e Florestas Ombrófilas Densas (Bovini et al., 2014; Esteves e Takeuchi, 2015).

Ameaças (6):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,occurrence past,present,future local very high
A destruição das restingas de Maricá tem levado ao declínio das espécies nativas que, atualmente, são encontradas apenas em manchas isoladas ou na área protegida de Maricá (Holzer et al., 2004).
Referências:
  1. Holzer, W., Crichyno, J., Pires, A.C., 2004. Sustentabilidade da urbanização em áreas de restinga: uma proposta de avaliação pós-ocupação. Paisagem e Ambiente. 49–65.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3 Livestock farming & ranching habitat past local high
A ocupação do litoral pelos europeus iniciou um ciclo de exploração mais intensivo dos recursos naturais da faixa litorânea e, no caso das restingas, onde o solo é “pobre”, há relatos do uso dessas áreas para a pecuária (Holzer et al., 2004).
Referências:
  1. Holzer, W., Crichyno, J., Pires, A.C., 2004. Sustentabilidade da urbanização em áreas de restinga: uma proposta de avaliação pós-ocupação. Paisagem e Ambiente. 49–65.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat,occupancy,mature individuals present,future local medium
O turismo é uma atividade muito intensa em toda a área do Parque Nacional da Tijuca (Soares, 2008).
Referências:
  1. Soares, R.C.R. de S., 2008. Plano de Manejo do Parque Nacional da Tijuca.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity locality,habitat,occupancy,mature individuals past,present local very high
O Plano de Manejo do Parque Nacional da Tijuca apresenta informações de ocorrência de incêndios no interior e arredores da unidade (Soares, 2008).
Referências:
  1. Soares, R.C.R. de S., 2008. Plano de Manejo do Parque Nacional da Tijuca.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.1 Roads & railroads habitat past,present local medium
Por ser situada em área urbana, a Floresta da Tijuca possui diversas estradas pavimentadas que causam efeito de borda e fragmentação da vegetação (Matos, 2007).
Referências:
  1. Matos, J.J.B.S., 2007. Composição Florística de espécies arbóreo-Arbustivas em trecho de borda situado no Parque Nacional da Tijuca. Monografia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,locality,occupancy,occurrence,mature individuals present,future regional very high
O adensamento populacional na Região dos Lagos vem crescendo consideravelmente nas últimas décadas, em função, principalmente, de investimentos na infraestrutura de transporte, que facilitou o investimento imobiliário (Davidovich, 2001). A Região dos Lagos vem apresentando nas últimas quatro décadas um ritmo de crescimento bem acima da média estadual e mesmo nacional, em decorrência dos royalties da exploração de petróleo na plataforma continental, mas sobretudo por sua vocação para o turismo em sua orla marítima, que influenciou toda sua infra-estrutura urbana (Ribeiro e Oliveira, 2009). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área da região de Cabo Frio, e arredores, um importante centro de biodiversidade mundial (Bohrer et al., 2015). As áreas antrópicas recobrem cerca de 60% da área do Centro de Diversidade Vegetal (Bohrer et al., 2015). As áreas mais afetadas estão localizada nas sedes municipais, no entorno da Lagoa de Araruama, ao longo das rodovias RJ 106 e RJ 140 e nas áreas costeiras (Bohrer et al., 2015). A vegetação de restinga, outrora existente entre os municípios de Cabo Frio e Casimiro de Abreu, foram praticamente eliminadas nos últimos 20 anos. O principal motivo para essa perda foi a acentuada crescimento de empreendimentos imobiliários e loteamentos que hoje dominam o cenário local (Leme, 2000).
Referências:
  1. Bohrer, C.B. de A., Dantas, H.G.R., Cronemberger, F.M., Vicens, R.S., Andrade, S.F. de. 2015. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Mapeamento da vegetação e do uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio , Rio de Janeiro. Rodriguésia 60, 1–23.
  2. Davidovich, F. 2001. Metrópole e território : metropolização do espaço no Rio de Janeiro. Cad. Metrópole 6, 67–77.
  3. Ribeiro, G., Oliveira, L.D. de. 2009. As Territorialidades da Metrópole no Século XXI: Tensões entre o Tradicional e o Moderno na Cidade de Cabo Frio-RJ. Geo UERJ 3, 108–127.
  4. Leme, E.M.C. 2000. Niudularium - bromélias da Mata Atlântica, in: Niudularium - Bromélias Da Mata Atlântica. Sextante, Rio de Janeiro, RJ.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie possui registros nas seguintes Unidades de Conservação: Monumento Natural da Ilhas Cagarras (Bovini et al., 2014), Parque Municipal Ecológico da Prainha (J.M. Alvarenga 7253; L. Cardoso, 34), Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá (R. Marquete 125) e Parque Nacional da Tijuca (W.C. Gregory, A. Krapoivickas & J. Pietrarelli,10101).
Ação Situação

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural flower
Hedrick e Sturtevant (1972) reportam que brasileiros vem comendo a corola cozida desta planta da mesma forma que legumes são consumidos.